Antes de qualquer assunto musical, gostaria de dar as
boas-vindas aos leitores que a partir de hoje passam seus olhos por essa página,
e contar um pouco do que me motiva sustentá-la. Assim como perceberão certo
intimismo na minha escrita, essa característica encontra-se também na forma
como irei tratar a música aqui – impressões, sensações, e relatos de
experiências sonoras. Nem obstante e nem imerso à crítica.
Além do que acontece no mainstream da música, falarei
bastante também do meio underground, da música de vanguarda – que pouco é
mencionada no Brasil. E é a partir dela que abro as cortinas para
apresentar-lhes o primeiro álbum de 2012 que suscitou estes dedos a lavrar
sobre: The Gnostic Preludes.
Aqueles que estão familiarizados com a figura do músico
nova-iorquino John Zorn, sabem do seu saxofone estonteante, gritando notas que
se agitam em seus dedos céleres – como, por exemplo, em Painkiller, formada com
um membro da banda de grindcore Napal Death. Mas, a outra extremidade de sua linha tênue de
trabalhos são menos conhecidas – como álbum Femina, O’o e alguns trabalhos com
o seu projeto que mistura jazz com música klezmer, vinda da sua raiz judaica –
que ainda assim, como a outra extremidade – arranca sulcos profundos na
consciência. É o que acontece no meditativo The Gnostic Preludes, seu mais
recente trabalho lançado pelo seu próprio selo, o Tzadik (que conta com uma
lista de músicos de vanguarda).
Nesse mais recente trabalho, Zorn conta com três
instrumentistas para a execução de seus temas e arranjos escritos, são eles:
Bill Frisell (guitarra), Carol Emanuel (harpa) e Kenny Wollesen (vibrafone e
sinos). Essa formatação torna-se um aspecto interessante pois, pensando primeiramente
nas cordas, temos um trabalho de contraponto entre a guitarra e a harpa, e o
vibrafone e sinos ressoando e cantando espaços deixados pelos outros
instrumentos. Outro ponto é o aspecto sonoro metálico, que impõe uma sensação
de frieza nas notas e nuances, digna de um filme mudo, denso e neblinoso. Essa
densidade leve dos vários timbres talvez seja responsável pela lareira
inconsciente que se acende, quando se escuta as Oito faixas que compõem o disco:
tirando-te de um estado, mas não do local onde este se encontra. É confortável
e incitante ao mesmo tempo, vindo daí a característica meditativa do disco –
além do que diz o próprio título e significado do gnosticismo: não é somático,
mas interior e profundo.
Dentre todas as faixas, destaco Prelude 1: The Middle
Pillar, que abre as portas da percepção do álbum de forma brilhante; Prelude 3:
Prelude of Light e sua marcante abertura e desenvolvimento; Prelude 4:
Diatesseron, muito próximo ao trabalho de Zorn com o Acoustic Masada e da
música klezmer; e Prelude 8: The Invisibles que finaliza o disco deixando soar
uma espécie de despertar sonâmbulo de um transe conservado até então.
Sobre John Zorn
Nasceu na cidade de
Nova Iorque e ainda quando criança aprendeu a tocar piano, violão e flauta. Sua
família tinha gostos variados, dos quais ele ganhou apreciação pela música
clássica e world music através de sua mãe, e jazz e ‘chansons’ francesas
através de seu pai. Despertou seu interesse pela música experimental e
avant-garde através de uma gravação do compositor Mauricio Kagel – um dos mais
inovadores autores da música pós-serial.
Estudou música com
Leonardo Balada e durante esses anos, aprendeu sozinho sobre orquestração e
contraponto, transcrevendo trilhas e usando-as em sua própria composição, numa
espécie de colagem e transposição para o seu íntimo universo sonoro. Iniciou
seus estudos de saxofone por influência do trabalho de Anthony Braxton, e à
partir daí incorporou elementos do free jazz e de trilhas para desenho animado,
inspirado por Carl Stalling.
Músico prolífico, Zorn
trabalha em vários projetos musicais, e além dos citados aqui, apresenta-se em
jam session com Lou Reed, Mike Patton (Faith No more) e outros grandes nome.
Esteve no Brasil
recentemente para tocar com o Masada, seu trabalho mais ativo no momento.
Artista: John Zorn
Álbum: The Gnostic Preludes
Lançado em: 2012
Estilo: Avant-garde
01 –
Prelude 1 The Middle Pillar
02 – Prelude 2 The Book of Pleasure
03 – Prelude 3 Prelude of Light
04 – Prelude 4 Diatesseron
05 – Prelude 5 Music of the Spheres
06 – Prelude 6 Circumambulation
07 – Prelude 7 Sign and Sigil
08 – Prelude 8 The Invisibles
Comenta por favor sobre o novo cd da Riana??? Heim Please. Bjx
ResponderExcluirTipo vende cd na loja? Se vender já quero o novo CD das Xtina. A ex gordinha vai sambar na cara da Rihana
ResponderExcluirQue som delicioso!!!
ResponderExcluirE eu que não conhecia e me perdi nas nomenclaturas fiquei aqui ouvindo em loop! Rs.
A única coisa que sei dizer é da paz que este som me transmitiu. Simplesmente fantástico!!!
Adorei a primeira postagem, Diogo!
Sucesso com a coluna!
Espero fazer muitas outras excelentes descobertas por aqui!
Abraços.