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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Chelsea Wolfe




Depois de um tempo estando sumido da coluna – por questões pessoais – retorno com uma matéria que dará sequência ao tema Tendências do Inverno 2012, colocando em negrito mais uma artista atual.



Distante das luzes de Los Angeles onde nasceu, Chelsea Wolfe cultivou-se guardada em seu porão empoeirado de neblina – que ela carrega na sua imagem decadente e trevosa e um tanto desnorteada - até que no ano de 2010 deixou que a sua música visse a luz do Sol: The Grime and The Glow serviu pra revelar a visão embaçada e sombria do mundo, sua estranha conexão entre todas as coisas, e suas letras tratando da obscuridade e claustrofobia do seu ambiente, deixando uma lágrima de melancolia escorrer lentamente, durando todas as faixas. Essa espécie de amostra da beleza desses momentos fez da sua música uma espécie de Vampiro sonoro, não repercutindo tanto quanto o seu segundo álbum, intitulado ποκάλυψις (lê-se Apokalypsis) e chegou a ser considerado entre os top 50 álbuns de 2011. Neste, Chelsea deixa ainda mais claro a sua sonoridade, e sua intenção já nas gritarias de ‘Primal//Carnal’ – primeira faixa do disco.


O misto de inserções góticas e experimentais, e de sua voz que ora parecem assombrações, ora sussurros e às vezes de forma afagável enchem os ouvidos com uma paisagem desfocada e espirituosa, permitindo que o hermetismo tanto criado por ela nos dois álbuns, iluminasse-se por frestas de luz atravessando a cortina de neblina que impedia tal no seu primeiro trabalho, a balada gótica ‘Mer’ é a faixa que mais se afirma assim, e a Friedrichshain que lembra muito algo da PJ Harvey, a sua capacidade de compor hits sem distanciar da sua identidade.


Chelsea consegue criar uma atmosfera musical única, misteriosa, bizarra e ao mesmo tempo atraente, quase hipnótica.

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