Depois de um tempo estando sumido da coluna – por questões
pessoais – retorno com uma matéria que dará sequência ao tema Tendências do
Inverno 2012, colocando em negrito mais uma artista atual.
Distante das luzes de Los Angeles onde nasceu, Chelsea Wolfe
cultivou-se guardada em seu porão empoeirado de neblina – que ela carrega na
sua imagem decadente e trevosa e um tanto desnorteada - até que no ano de 2010
deixou que a sua música visse a luz do Sol: The Grime and The Glow serviu pra
revelar a visão embaçada e sombria do mundo, sua estranha conexão entre todas
as coisas, e suas letras tratando da obscuridade e claustrofobia do seu
ambiente, deixando uma lágrima de melancolia escorrer lentamente, durando todas
as faixas. Essa espécie de amostra da beleza desses momentos fez da sua música
uma espécie de Vampiro sonoro, não repercutindo tanto quanto o seu segundo
álbum, intitulado Ἀποκάλυψις (lê-se Apokalypsis) e chegou a
ser considerado entre os top 50 álbuns de 2011. Neste, Chelsea deixa ainda mais
claro a sua sonoridade, e sua intenção já nas gritarias de ‘Primal//Carnal’ –
primeira faixa do disco.
O
misto de inserções góticas e experimentais, e de sua voz que ora parecem
assombrações, ora sussurros e às vezes de forma afagável enchem os ouvidos com
uma paisagem desfocada e espirituosa, permitindo que o hermetismo tanto criado
por ela nos dois álbuns, iluminasse-se por frestas de luz atravessando a
cortina de neblina que impedia tal no seu primeiro trabalho, a balada gótica ‘Mer’
é a faixa que mais se afirma assim, e a Friedrichshain que lembra muito algo da
PJ Harvey, a sua capacidade de compor hits sem distanciar da sua identidade.
Chelsea consegue criar uma
atmosfera musical única, misteriosa, bizarra e ao mesmo tempo atraente, quase
hipnótica.
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